Sopa de Letrinhas

quarta-feira, julho 25, 2007

Sintonia desconexa

A porta bateu com um barulho forte. Todos os vizinhos haviam escutado a briga, aquela noite. Mas nada mais importava pra ele. Ela era uma vagabunda e deveria morrer sozinha.

A única coisa que não condizia com esse pensamento eram as gotas salgadas caindo pela sua face, algo amargo na garganta e o coração batendo forte.

A moça atravessou a rua, entrou no carro e saiu dirigindo e derrapando no chão molhado de chuva...Parecia que chovia quando eles brigavam.

Ela chorava no carro, ouvindo o som que tocava uma música agitada no último volume. Ela repetia os versos da música, lembrando dos últimos acontecimentos.Mas nada mais importava pra ela.Ele era um vagabundo e deveria morrer sozinho.

A única coisa que não condizia com esse pensamento eram as gotas salgadas caindo pela sua face, algo amargo na garganta e o coração batendo forte.

Durante um breve espaço de tempo, houve uma pausa (pequena) que pareceu eterna.

Ele abre a porta.

Ela faz a curva.

Ele chama o elevador.

Ela passa o sinal vermelho.

Ele escancara a porta do Hall.

Ela quase bate no poste.

Ele bate o portão do prédio.

Ela bate a porta do carro.

Meio da rua:

"Te amo".

domingo, julho 22, 2007

Palavras ao vento

Ao tentar escrever alguma coisa relacionada ao acidente com o avião da TAM ocorrido na terça-feira dia 17, descobri que não era capaz de expressar meu sentimento a respeito do assunto. Faltaram-me palavras.

Mais uma vez o país ficou paralisado diante da televisão, acompanhando a cobertura do ocorrido nos diversos canais. A pergunta inevitável surgiu em todos os lábios: “Até quando?”

Quantos mais terão que morrer para que alguma atitude seja tomada? Sim, eu sei que essa pergunta não é nem um pouco original, mas não deixa de ser verdadeira. É uma pena que as conquistas daqueles que se esforçaram durante muito tempo para representar seu país num evento como os jogos Pan-americanos, tenham que ser ofuscadas por notícias tão tristes.

Temos acompanhado diariamente a decadência da aviação brasileira. As manchetes estão forradas por panes, greves de controladores e infelizmente, acidentes com centenas de vítimas fatais. A minha esperança, e creio que seja a de todos no momento, é que esse acontecimento não seja mais um capítulo no livro de tragédias do Brasil, que ficará apodrecendo na prateleira mais próxima.

E agora?

segunda-feira, julho 02, 2007

Loucura

[O Ministério dos Escritores adverte: esse texto poderá sofrer severas mudanças]



A loucura é a linha entre o racional e o impossível. A fronteira que divide os pés no chão e a cabeça para baixo. O pedaço de sanidade num quarto de palavras soltas.O só. O nó. O do, ré, mi, fá, sol lá, assim.

A pista de decolagem do coração desesperado. O porto, o cais, a ilha deserta no meio do oceano. O mar aberto de sentimentos pagãos... as mãos atadas, os pés pelas mãos.

O raio que cai,o fogo que consome, a água que engole, o corpo mole, a salvação... Em nome do pai,o que fica e o que vai...

O louco e o são. Mais um, menos sete. O lá e o cá. A falta de nexo, a juventude transviada, transfigurada, passada no vão da liberdade.

O começo, o meio e o fim. O tudo e o nada. Antes e depois.O vazio... em mim.



[Domi recolhendo depoimentos sobre a loucura! Esse é o único post que eu exijo comentários!! Viagem, pirem, filosofem... o que é a loucura pra vocês?]