Sopa de Letrinhas

segunda-feira, janeiro 22, 2007

O Iníco

Lyann abriu os olhos. Já era noite. Abriu a janela e ficou observando por um tempo com os ouvidos bem atentos. Tudo parecia normal. Já estava prestes a fechar a persiana, quando notou a figura de um homem sentada do outro lado da rua. Havia alguma coisa intrigante nele. Seus olhos a fitavam insistentemente.
Afastou-se da janela e vestiu seu sobretudo, verificando se todas suas armais ainda estavam lá. Pegou as chaves da sua moto e saiu do apartamento. Havia um tumulto na porta de seu vizinho. Não conteve sua curiosidade e perguntou ao policial o que havia acontecido. Pelo que tudo indicava, ele havia sido morto por uma gangue rival sua.
Lyann arriscou uma espiada sobre o ombro do policial. O apartamento estava todo revirado. Notou alguma coisa estranha perto do sofá. Despediu-se do policial e antes de sair, recolheu o objeto que chamara sua atenção.
Era uma estrela de metal com a figura de um espelho quebrado gravada no meio. Sorriu. Conhecia muito bem aquele símbolo. Guardou o objeto no bolso e desceu as escadas em direção à rua.
Olhou em volta para ver se encontrava o homem que há pouco avistara, mas não havia nem sinal dele. Retirou a estrela de metal do bolso para examinar melhor. Era um pingente esculpido cuidadosamente na prata. A imagem do espelho quabrado era perfeita e com detalhes minuciosos.
Sentiu um empurrão tão forte, que foi ao chão e, ao se levantar, percebeu que o pingente sumira.
- Obrigado por encontrá-lo para mim! Achei que tinha perdido!
Lyann ainda estava um pouco atordoada pelo choque, mas agora via claramente a figura de um homem na sua frente. O mesmo homem que vira há instantes.
- Quem é você?
- Ah! Desculpa, esqueci de me apresentar! Meu nome é Luke!
- Er... Oi Luke!
- Você não vai me dizer seu nome?
- Meu nome? É Lyann!
- Prazer, Lyann. Nossa! Olha a hora! Tenho que ir! Até a vista!
- Ei! Espera! Eu encontrei esse pingente em um lugar muito suspeito. Depois, você "tromba" comigo e o pega de volta! Além do mais, o que faz com o símbolo do clã Malkavian gravado nele?
- Mas... Mas... Como... Como você sabe? Você também é...?
- Sou!
- Ai caramba... Você não vai mesmo me deixar em paz enquanto eu não te falar sobre o pingente, né?
- Não!

(to be continue...)

domingo, janeiro 21, 2007

A jornada

E foi assim. Partiu sem deixar marcas ou saudades. Arrumou a mala, dobrou as roupas, ajeitou as coisas e pegou a estrada. Passou por soldados verdes, monstros sugadores de sangue com terríveis canos no lugar da boca, portões de castelos enormes e um barranco com muitos obstáculos. Chegou quase ileso ao final daquele grande morro. Atravessou um portal mágico e foi parar no meio da floresta.

Flores, bichos e uma vegetação densa faziam parte de o que ele pensava ser a maior área verde que já havia visto na vida. Não desistiu. Foi em frente. Tirou da mala o seu super canivete e foi cortando os galhos maiores para abrir a passagem.

Antes que pudesse se defender, ao tentar abrir caminho com os braços, um dos galhos enormes foi e voltou com força, batendo, em cheio, na sua testa. Ele cai e se levanta, esfregando o local atingido pelo galho.

Ainda caminhando com o intuito de atravessar a floresta, ele encontra um monstro. Enorme.Peludo e com orelhas grandes, patas também enormes, língua rosada e uma cauda que parecia ter vontade própria, acertando o que passasse pelo seu caminho.

Felizmente, o nosso herói já sabia da existência desta terrível criatura. Colocou a mão na sua mala enorme e puxou um objeto esférico e saltitante, o qual foi perseguido pelo monstro - que fazia barulhos altos e engraçados - até os confins da floresta.

Depois de andar quilômetros e horas ininterruptas, cansado, ele apóia em uma árvore com pequenos frutos agarrados no tronco e descansa a cabeça num arbusto estranhamente familar.

Com esperanças de acordar menos cansado, adormece, sonhando com sua terra natal.

-Beto! Vem aqui, vem ver!
-O que foi?
-O Pedrinho dormiu de novo no jardim! Olha, que lindo!
-Esse moleque não tem jeito, mesmo, né? Precisamos tomar cuidado. Nessas de "Aventura na Floresta" ele pode imaginar a gente como os Gigantes da Terra Perdida e tentar nos acertar com a famosa flecha de ventosa laranja... Você acha que devemos levá-lo para a cama?
-Sim, sim, claro. Vá arrumando tudo, lá. Já vou.

(...)

E com um toque delicado, em seu sonho, ele sentia a Fada das Terras do Norte levando-o para o paraíso.

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[Bom, ficou um texto "light". =) Agora é só deixar a imaginação levar =) Beijo Grande!]

sexta-feira, janeiro 19, 2007

L.M. - Parte IV - O Café da Manhã

"Pipipipi...Pipipipi...Pipipipi..."

"Já vou, já vou, calma"

"Pipipipi...Pipipipi...Pipipipi..."

O barulho daquele despertador pentelho não parava de te perturbar. Você resolve levantar e desligar o maldito.

"Pronto, tá feliz, agora?"

Olha as horas.

"OITO HORAS?? NO DOMINGO?? Quem mandou você me acordar a essa hora??"

Sim, você tinha acordado cedo no domingo. Bem,pelo menos aquela coisinha verde e irritante acabara de te salvar de um sonho realmente maluco: você estava sendo perseguida por tubarões voadores e falantes. E eles queriam os seus relatórios - que, aliás, teriam de ser entregues esta semana e você não tinha começado nem metade. E queriam que você entregasse o pseudo-gringo pra eles!

"Hunf, sonhos... Sempre malucos."

Depois de desligar o despertador, você volta a deitar, colocando o travesseiro em volta da cabeça, de modo a tapar os dois ouvidos, com receio de o bendito começar a apitar de novo. Num estalo de consciência, antes de voltar a pegar no sono, você se levanta.

"Meu Deus! O Marcos!!!"

Totalmente amassada e descabelada, você entra no banheiro e se olha no espelho. Medo. Decide tomar um banho rápido, afinal, ele pode acordar a qualquer momento e você não faz idéia de o que fazer para o café da manhã.

Banho tomado, roupa lavadinha, banheiro "organizado", você decide vasculhar a cozinha atrás de alguma coisa para o "desjejum", tentando fazer o menor barulho possível.

Claro que você não é feliz nesta tarefa, porque, no caminho, você passa na sala. Bate o dedão na mesa e abafa um grito de "Fiiiiilha da P****", vai pulando em um pé só até a porta da sua mágica cozinha, que está fechada.

"Era só o que me faltava."

Você tenta abrir, mas não consegue. A maçaneta emperrou. E, pra variar, se você tentar fazer alguma força extra, ela faz um barulho ENORME.

"Ok, eu já vi que isto não vai dar certo. Agora, se tem alguém conspirando a favor do meu fracasso matinal, que fale agora ou cale-se para sempre!"

A maçaneta abre. Ufa, pelo menos isso. Você vai adentrando a cozinha como se fosse uma selva desconhecida, tropeçando em coisas jogadas no chão que contrastavam coma pia e os azulejos impecavelmente brancos. É, você era só um pouquinho confusa, mas odiava desordem... tá, só era perdoável em semanas intensa transformação "Ju" para "Julia Monteiro - Workaholic".

"Hm, vamos ver... Geladeira! Blah, nada que me interesse. Armários... Hm, arroz, açúcar, café, macarrão. É, nada que sirva pra um bom café da manhã. Aaaaai, o que eu faço?"

Já eram quase nove horas e você não tinha a menor idéia de o que fazer para o adorável corpo jogado no seu sofá.

Volta para a geladeira. Abre. olha, abre gaveta, abre congelador, nada. Fecha a geladeira e se depara com uma legião de "ímãs': pizzaria, gás, seguro, escola, depilação, mercado, "Habib's", comida chinesa, videolocadora...

"Po, mas podia ter um de... PADARIA!!!!"

Com os olhos brilhando, você lia o pequeno quadradinho magnético, decorado com um palhacinho fazendo malabarismo com três pães: ""Panis et Circenses". Tirou o telefone do gancho e ligou...

"Alô? É da padaria? Ah, eu queria fazer um pedido, posso?".

Em menos de dez minutos a mesa da sala já estava coberta com uma toalha bonita. E em menos de meia hora ela já estava recoberta com o que você julgava ser o café da manhã improvisado mais perfeito do mundo : Chocolate quente, pães de queijo, torradas com geléia, requeijão, 4 pães, queijo-quente, café, carolinas, bolo de chocolate e sequilhos.

Você amassa os papéis de qualquer jeito e bem rápido, antes que o moço pudesse mostrar algum sinal de quem estava acordando.

"Hm... Que cheirinho bom!"

Era ele. Você o tinha escutado resmungando alguma coisa e se apressou em jogar os papéis e embalagens no lixo.

"Bom dia!!... Marcos? Ah, não, ele sumiu. Marcos??"

Você ouve um barulho de chuveiro, ao fundo.

"Hm, bom, foi tomar banho. Isto me dá mais tempo para organizar as coisas."

Coisas simples e rápidas: arrumar a sala, guardar as coisas no guarda-roupas sem deixar nenhuma foto cair, arrumar a sua cama, abrir as janelas, afazeres deste naipe.

"Bom dia!"

Beijo.

"Desculpe, eu costumo tomar banho ao acordar, sempre... não te avisei, mas parece que você já deixou tudo pronto lá no banheiro!"

"Pois é, uma das minhas manias! Vamos tomar café?"

"Que mesa linda, hein? Você que fez tudo?"

"A maioria. Só comprei os sequilhos e as carolinas".

Mentira deslavada, mas contar vantagem, agora, não poderia ser uma coisa ruim. Os dois se sentam e devoram o café da manhã by "Panis et Circenses".

Durante todo tempo vocês não falaram muita coisa. Os dois pares de olhos que estavam presentes se encaravam profundamente dizendo pra eles mesmos que aquele seria um belo dia.

[Por enquanto é só!! Escrevo mais depois, tá? Estou com medo de que o texto fique longo e cansativo demais. Beijo Grande.]

Insônia

Já era tarde da noite. Para ser mais exata, quase madrugada. E, após um dia longo e difícil, ela fazia esforços em vão para tentar chamar o sono.

Não sabia o porquê, mas todo cansaço que, outrora, sentira, havia se perdido e deixado espaço para milhares de pensamentos sem conclusão.

A Essa altura, as pás do ventilador no teto do seu quarto faziam um som engraçado e giravam, sem parar, atraindo a sua atenção.

Coisas e mais coisas passavam pela sua mente, de modo que ela conseguia imaginar as milhares de informações correndo pelos seus neurônios: o ano que enfrentaria, o dia que passara, a música que tocava alto no apartamento vizinho, o cachorro latindo na esquina da rua, a maquiagem do artista do palco da praça, o modo como o sol refletia na cabeça calva do velhinho no parque... Mas ela sabia que, acima de todas estas "banalidades", o que mais a intrigava era um nome sem rosto. Aquele nome familiar que lhe devia notícias.

Num ato repentino, agarrou o travesseiro e se deixou levar por mais uma onda de pensamentos. E antes que pudesse sentir seus neurônios maquinando, adormeceu num sono profundo e reconfortante, que, infelizmente, seria interrompido dali a algumas horas pelo despertador, chamando-a de volta à realidade.

A desent cup of coffee with milk, right? – Parte I (do quê?)

(Palavra da autora: Comecei a escrever esse texto, assim, como quem não quer nada, mas ele acabou ficando interminável... Decidi postar por partes – até porque eu não escrevi o resto ainda... Ainda não tenho um título... Aceito sugestões!!!! Beijos!!)

“Mas Brad... A Angelina não vai ficar brava se descobrir que estamos jantando juntos? Ah... Ela não é muito ciumenta, é? Que bom! Sabe, Brad... Eu sempre sonhei em te conhecer! Desde a primeira vez em que te vi em “Entrevista com o Vampiro”... Se bem que eu prefiro você loiro... Ah! Você também, né?
Ué... o que é isso apitando? É o seu relógio? Não?”

Ah não! Não meeeeesmo! Justo agora que eu estava jantando com o Brad Pitt em um restaurante em Veneza enquanto olhava aquela paisagem maravilhosa... O senhor faz QUESTÃO de apitar! E daí que já são sete horas? Deixa eu dormir só mais uns quinze minutos... Tá bom! Tá bom! Já entendi! Trabalho! Mas eu fiquei terminando aquela matéria com o governador até às duas horas da manhã... Argh! Já acordei! Pode parar de apitar agora!
Ai ai.. Que roupa? Hum... hoje vai ter a entrevista coletiva com o Secretário da Educação. A Ju disse que uma calça social preta “básica” com uma boa blusa já está de bom tamanho... É! Também acho!
Nossa... que silêncio... tá faltando alguma coisa... Claro! Ainda não liguei o rádio! “Você não consegue ficar um minuto sem ouvir música, Gi?” Não, Fê... não consigo!

“I’ll wake you up when the morning comes
A desent cup of coffee with milk, right?”

É... uma xícara de café com leite realmente não seria nada mal... Valeu pela dica Lauri!
Oba! O jornal já chegou! Ufa! Ainda bem que deu tempo de fechar a matéria sobre o assalto que teve naquela agência! Onde está? Achei! Pode parecer bobagem, mas eu adoro ver uma reportagem minha publicada... Já devia estar acostumada, mas é sempre bom! Ah! A Lígia pediu pra eu ler a coluna dela hoje. “Homem perfeito? Coitada...”
Hahahaha... A Lí e sua causa “feminista”... Ela não desiste! Quem sabe se o homem perfeito existe? Eu não encontrei o meu, é verdade, mas... quem sabe? Acho que, no fundo, toda mulher deseja encontrar o homem perfeito, mesmo afirmando que ele não existe!
Hum... tava precisando de um cafezinho quentinho. Que delícia!
Meu Deus! Quase oito! Tô atrasada! É rezar para a marginal não estar parada!
- Bom dia, Ju!
- Gi! Que bom que você chegou! Já estava pensando que você não vinha!
- É... até eu pensei que não ia conseguir chegar na hora. O Carlos já chegou?
- Já!
- Ótimo!
- Muito trabalho?
- Nem me fala... Nós vamos para a entrevista coletiva com o Secretário. Qual é sua pauta de hoje?
- Vou cobrir a São Paulo Fashion Week. Me deseje sorte!
- Hahahaha… É minha amiga, boa sorte com as modelos! E cuidado com OS modelos!
- Ai Gi... Nem me fala! Que tentação, não? Ah! Olha lá o Carlos! Até mais tarde!
- Até, Ju! Oi Carlos! Que bom que te encontrei! Vamos?
- Vamos! Você está com as perguntas?
- Estou sim!
Como eu pensava... A marginal Pinheiros completamente congestionada!
- Ai... mas é agora que a gente não chega na hora!
- Fica calmo... Vai dar tudo certo! – espero. – Vamos ligar o rádio! Ajuda a distrair!

“Vam’bora, vam’bora...
Tá na hora
Vam’bora, vam’bora”

- Er... Melhor sem rádio, né?
9h30. Hora da entrevista. Finalmente paramos o carro. E agora?
- Corre! Já vai começar!
Ufa! Que sufoco! Pronto! Gravador na mesa, papel e caneta na mão... Muito bem, senhor Secretário! Pode começar a falar! Eu já estou pronta!
Escola de lata... Analfabetismo... É... Eu também espero que as providências sejam tomadas!
- E então Gi?
- Então o quê, Carlos?
- O que você achou da entrevista?
- Muito boa! Bem... esclarecedora!
E de fato foi. Agora é ficar em cima pra ver se tudo o que ele falou vai ser cumprido.
De volta à redação. O familiar vai-e-vem de pessoas, o som de telefones tocando insistentemente, misturado com o barulho das teclas dos computadores sendo tocadas... Nada de novo. Pera... aquilo não estava ali na hora que eu saí. ELE não estava ali na hora que eu saí.
- Então você também já notou?
- Oi Lí! Nem vi que você estava aí! Adorei sua coluna de hoje!
- Que bom! Fico muito feliz de ouvir isso de você! Agora... Mudando de assunto... Parece que você já viu o mais novo jornalista desse jornal.
- Pois é. Quando ele chegou?
- Ainda há pouco. Lindo não?
- É... bonitinho... – Bonitinho? LINDOOOOOO!!! – Como ele se chama?
- As meninas que estavam no café me disseram que era algo como... Renan, Roberto... Não me lembro direito.
- Rafael. – gelei.
Não acredito! Será que ele ouviu nossa conversa? Claro, né? Senão, por qual motivo ele estaria aqui na minha frente, respondendo minha pergunta? E me olhando com esses olhos azuis... Ai meu Deus!

(P.S.: Perdoem a quantidade de reticências... Mal de férias!!!)

terça-feira, janeiro 16, 2007

Lembranças - L.M. Parte III

[Pessoal, est0u tentando achar um título legal pra essa saga, sem que ela continue como "Lei de Murphy..." . Enquanto não acho nada, vou colocando "L.M. - Parte 'x' ", ok? ]


...E que beijo! Vocês ficaram unidos pelo que você julgou ser uns bons dois minutos. Num ato de susto e certo medo, você o empurra de leve e o beijo termina.

"Muito rápido."

"Sim, muito rápido, desculpe, eu não devia..."

"Não, não tem nada a ver com você. Só acho que estamos indo rápido demais. É que, bem, você sabe. Não nos falávamos há tempos e, do nada, você chega, passamos algumas horas juntos e de repente estamos... bem..."

"Na parede" - Ele completa.

"É, na parede."

Os dois riem e trocam mais algumas carícias. Muito rápido... Muito rápido, o caramba! Você queria mais e sabia disso! Mas, claro, não podia se deixar levar, afinal, você era uma moça de família... pelo menos era isso que ele pensava. E QUEM seria você pra discutir, não é mesmo?

O segundo beijo pára, de súbito, assim como o primeiro. Você pede calma e sugere que durmam em quartos separados... Mas peraí, a sua casa só tem UM quarto, além do escritório.

"Ok, eu vou arrumar o sofá e você dorme no meu quarto."

"De jeito nenhum, o invasor sou eu, eu fico no sofá."

"Como preferir."

Como você queria dormir com ele... NÃO, não neste sentido, é claro. Não, pelo menos, ainda. Muito cedo. Mas não seria má idéia dormir de conchinha com o pseudo-gringo/futuro caso num sábado chuvoso.

Você vai até o quarto, numa tentativa de pegar lençóis, edredons e travesseiros. Quando abre o armário onde, supostamente, estas coisas estariam guardadas, você é quase soterrada por algumas dezenas de dezenas de fotos que você julgava ter guardado no sótão do sítio, mas não, elas estavam lá.

"Putaqueopariu, era só o que me faltava."

Obviamente, a queda das poucas fotos fez um barulho igualmente pequeno e o "boff" escutou lá da sala.

"Tá tudo bem, Ju?"

"Tá, tá, tá tudo bem! Só algumas fotos em cima de mim, mas eu arrumo rapidinho!"

Que boa hora pra cair uma pilha de fotos em cima de você, hein??

"Inspiira, expiira".

Nesta breve tentativa de recuperar o fôlego, você se desvencilia de alguns álbuns de fotos e pega uma das que estavam quase te soterrando.

"Nossa, a formatura do Pré!" - Deixa escapar um sorrisinho...

"Boas lembranças..."

Na verdade não muito boas, porque a foto não foi tirada no dia da formatura. E você tinha acordado realmente cedo pra fazer pose de formanda. A administração do colégio, juntamente com os professores, fez questão de arrumar as crianças um dia antes, de modo que todas elas parecessem ter acabado de sair do palco com o famoso "canudo do diploma" na mão. Por que tudo isso? Bem, segundo a diretora, as crianças já estariam sujas e de beca amassada. Tirando que o chapéu estranho já teria perdido todos os fiozinh0s que ficam presos naquele pompom pendurado.

Você vira a foto e encontra outra. Uma foto de uma classe de pequenas coisinhas emburradas, olhando pro fotógrafo. Sim, sim, aquele dia foi realmente chato.

"Júlia Monteiro... Hum, você cresceu bastante, hein? Quem diria que vinte e dois anos se passariam e você seria uma jornalista formada, estaria com um emprego fixo - e chato - e seria uma mulher totalmente fracassada amorosamente?"

Esta última frase, dita nos confins da sua consciência, te fez lembrar que você tinha um cara na sua sala te esperando.

"... Bem, nem tão fracassada, afinal."

Você rapidamente se recompõe. Soca as fotos no armário e promete pra si mesma que vai arrumar, assim que achar um tempo entre os relatórios e, bem...

"Ju, quer ajuda?"

"Não, não! To chegando!"

Edredon, travesseiro, lençol. Porta do armário, porta do quarto, dedão na mesa da sala.

"Ai!"

"Machucou?"

Geeeeeeeeente, assim que você levantou a cabeça, depois de praguejar a mesa estúpida - que TINHA que estar no seu caminho - , você se depara com a sala do seu apartamento, onde havia um homem semi-nu te esperando. SEMI-NU?? Sim, ele já estava se trocando, estava SEM camisa, sem sapatos e meias, e prestes a tirar o sinto.

Como você NÃO sabe disfarçar a cara de "socorrofaçaalgumacoisasenãoeupiro", ele dá um sorrisinho sarcástico lança a pergunta:

"O que foi? Algum problema?"

"Na, não, ne...nenhum problema, não, tudo certo. Erm, eu acho que tenho uma bermuda do meu primo por aqui, você quer?"

Você sempre engasgava quando estava ligeiramente nervosa, hormonalmente falando. Que saco!

"Ah, sim, claro."

Você volta pro quarto, pega a bermuda na última gaveta da cômoda e a leva pra sala, de novo, torcendo pra ela ficar justinha!

Ele se troca, você se troca. Os dois estão cansados, apesar de terem acordado tarde.

"Bom, alguma idéia de o que fazermos agora, antes de dormir?"

Idéias você tinha. E MUITAS, mas não podia pronunciá-las em voz alta.

"Na verdade eu ia sugerir..."

"O Combo Al Pacino?"

"Engraçadinho..."

Risos de ambos, seguidos por um beijinho carinhoso... que começou a ficar mais... quente, digamos.

"Ok, ok, é melhor eu ir para o quarto."

"É, é... Boa Noite."

"Até."

Você caminha para o quarto, desviando do pé da mesa, desta vez. Mas ao apagar a luz, esquece de acender o abajur e topa com o outro dedão na base da cama.

Vai dormir praguejando, óbvio, mas antes de fechar os olhos, resolve juntar as mãos, olhar para o teto e sussurrar:

"Papai do céu, MUITO obrigada! Iuhuuuu!!"

Que sono bom... mal sabia você que o dia seguinte seria muito mais emocionante, a começar pelo café da manhã.

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[Ah, vá, fui boazinha. Não extendi muito o texto, desta vez. Espero que gostem e esperem pela continuação.]

terça-feira, janeiro 09, 2007

Quebra-cabeças - A SAGA - Parte I (Diretamente de Santos)

Sim, aquelas coisas com um monte de peças que formam figuras.

Alguns são até bonitinhos, tipo os da Disney,que você se divertia quando criança, ao montar. Isso quando não pedia ajuda pros seus pais, porque a peça do pé da Pocahontas teimava em não encaixar perto dos braços.

Outros já são um pouco mais complexos. Algumas paisagens bonitas, mapas, em geral ficam bonitos enquadrados na parede.

Mas os realmente bons, são os de mil peças pra cima. ÉÉÉÉÉ, AQUELES QUE VOCÊ DEMORA DIAS PRA MONTAR E QUE O CÉU É AZUL SEM NUVENS E O LAGO TEM TODAS AS ÁRVORES REFLETIDAS E NÃO TEM ONDAS.
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-Po, o que vamos fazer hoje?
-Tá chovendo, né? Andar na praia nem rola...
-Não.
- Shopping?
-Blah.
-Vamos ficar em casa, então. Se passar a chuva, a gente liga pro pessoal e sai pra andar na praia, o que achas?
-Perfeito.

Horas mais tarde, ainda chove torrencialmente.

-Nossa, um quebra-cabeças!
-É! Ia te mostrar agora! A gente pode alternar os minutos no computador com o quebra-cabeças! Enquanto uma monta, outra fica online!
-Tá! Posso limpar a mesa?!
-Claro!
Mesa limpa, coisas guardadas, quebra-cabeças espalhado.
-Wow... é grande... e você já separou as bordas! Que máximo!
-É!
(...)

Horas depois...

-Porra, o quebra-cabeças não funciona!
-Hahaha... eu não tenho culpa que você não consegue encaixar a pecinha da montanha!
-Se você tivesse separado as pecinhas DIREITO eu teria TODAS e poderia colocá-las no lugar.
(...)

Horas depois...
-YES! Consegui montar uns telhadinhos!
-Wow! Que mágico!
-Pois é... SUA VEZ!
-Quê?
-ÉÉÉÉ, OUT! Eu já montei bem mais que umas 100 peças! E você não fez nada, ainda!!!
-Tá, tá...

(...) Horas depois...


-Ok, chega, deixa eu entrar aí.
-Ah, por quê??
-Porque você já está aí faz tempo!
-E você precisa montar mais que duas peças! ¬¬
-Aaaaaaah, vai, eu tentei!
-Tá bom, tá bom...

(...)
-P#$% Q#$ P%$#! !! Você tem sérios problemas... não consegue achar uma peça de montanha no meio de outras??
-HAHAHAHAHAHA!
-Vai rindo. Vai ter troco.
(...)

Algumas horas mais tarde... depois do troco...

-E aí, conseguiu??
-Oh, yeah!! Consegui juntar as montanhas!
-Oh, assim, sim!
-...Vamos dormir?
-Vamos.
-Que horas são?
-4h4. Números iguais me perseguem...
-Ok, eles vão te perseguir no colchão. Antes que minha mãe resolva nos perseguir.
-Nossa, tá bem legal... espero que a gente consiga montar antes de eu voltar pra Sampa.
-Total... e eu montei as montanhas.
-PERAE! QUEM MONTOU AS MONTANHAS FUI EEEU!!!
-(Montou as montanhas... hahahahaha) Tá, mas eu juntOU!
-PFFFF!!! Eu "JUNTOU" huahuahuahuahuahuahua!! Sim, sim, você só JUNTOU!
-É, mas já fiz alguma coisa, pô! Montei bastante!
- Eu montei BEM mais que você.
-Sim, isso eu sei, mas eu já montei umas vinte peças! Tá ótimo!

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[Bem, como devem imaginar, SIM, eu tenho um quebra-cabeças de mil peças sendo montado no escritório do apartamento da minha prima. E espero que montemos o bendito antes de eu voltar pra casa.]

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Que tudo se realize no ano que vai nascer...

(que nasceu! Bom... demorei para postar porque estava viajando... =p só deu tempo de desejar brevemente um Feliz Natal... x_x... Como não sei o que escrever – novidade – decidir narrar minha versão da famosa festa da virada).

Batatas devidamente descascadas, frango demoradamente desfiado... Agora posso finalmente tomar banho! E daí que ainda são 6 horas? Resolvi finalmente ouvir o conselho de uma sábia amiga e tomar banho antes que todo mundo resolva fazer chapinha na mesma hora e acabe a energia da rua.
Ótimo! Agora que eu já estou limpinha, posso esperar o resto da família se arrumar assistindo televisão! Putz... Esqueci que hoje é domingo! Eu detesto os programas de domingo... ¬¬ fazer o quê? Ver “Faustão” mesmo...
Aliás, aonde vai ser a ceia? Ah... Na casa da família do meu amigo... Pena que é tããããão longe... Vou ter que atravessar a rua! (eu tava no clube).
21h30. Família Inserra (menos minha mãe) adentrando na residência dos Góes. Nossa... tudo bem que o meu irmão falou que estava tudo diferente, mas eu não tinha uma noção – até agora. Um restaurante! E dos chiques! Quantas mesas! Quantas pessoas vinham cear mesmo?
22h15. Hora do jantar. Todos os lugares ocupados. Do meu lado esquerdo: amiga querida acidentada. Do lado direito: amiga querida não-acidentada. Resolvemos contar o número de pessoas no local. Nada mais nada menos do que 29 pessoas. Conversa vai, conversa vem (sendo interrompida por frases como: “Aonde está o arroz?” “Está na mesa de lá!” “E o frango?” “Aqui na nossa mesa!”), chega a hora mais esperada! (a contagem regressiva? Não! A sobremesa!) Mais amigos se juntam a nós e agora sim é hora de irmos ver a queima de fogos.
Lembrem-me de nunca mais passar um reveillon de salto! Eu SEMPRE me arrependo! Principalmente quando ele fica fincando na grama e você não consegue andar! Ainda bem que nessas horas aparece aquele amigo super legal oferecendo ajuda! (Valeu Rafa!)
10... 9... 8... 7... 6... 5... 4... 3... 2... 1... FELIZ ANO NOVO!!!!!
Sabe... Nessas horas sempre dá aquele friozinho na barriga. É exatamente na hora da virada que a gente pensa em tudo que viveu no ano anterior e cria expectativas para o ano que se inicia. Dá um medo... Uma esperança... É tão bom olhar em volta e ver nossos amigos sorrindo (enquanto eles sentem o mesmo)!
0h25. Final da queima de fogos. Agora é dançar até amanhecer! E fugir da chuva também!
Muuuuuuita música, muuuuuuuita dança, muuuuuuita chuva, muuuuuuuuita alegria.
6h35. Final do baile. O dia já raiou. A chuva não cedeu. Mas não atrapalhou (muito).Mais um ano que se inicia. Começamos a ouvir então aquela famosa música:

“Adeus ano velho
Feliz ano novo
Que tudo se realize no ano que vai nascer
Muito dinheiro no bolso
Saúde pra dar e vender”
Seja bem-vindo 2007!!!!

terça-feira, janeiro 02, 2007

Ano Novo, Confusão Velha

O que você faz quando tem 20 pessoas chegando pra o Ano Novo - além das 6 da sua família - e você não tem a mínima idéia de o que servir na Ceia?
Manda vir quatro quilos e meio de pernil, óbvio.
O quê?? Quatro quilos e meio?? Não, você só pode ter enlouquecido!!
É claro que não, senão o que eu vou fazer pra esse monte de gente?! Eles vão chegar aqui umas 22h e vão sentar na "Mesa da Novela das 8" querendo comer alguma coisa - muita coisa. E se eu não tiver muita comida?? Eles vão passar fome e nunca mais vão olhar na minha cara.
É claro que não! Tem outras opções! Um arroz integral, um franguinho...
Frango??? Tá louca? Frango é ave, cisca pra trás, traz má sorte. Frango, não. ¬¬
Ok, então o quê?
Hm... você pode tentar um Filet Mignon.
Blah, carne?!
É, ué, qual é o problema?!
Tá, tá, mas o que eu faço com o Filet Mignon?
Ah, não sei... um molho de mostarda bem gostoso, o que acha?!
Hm, boa, boa!! Mas e aí? Os quatro quilos e meio de pernil, o filet, o que mais?
Porra, você quer mais?!
É, ué! Se é uma "Mesa da Novela das 8" tem que ser bem bonita - entenda-se "farta". Tá... vamos pensar... Ah, não podemos esquecer a lentilha!!
Uhhh, verdade!! E um arroz... BRANCO. Arroz branco. Nada de arroz integral. Isso é comida de "bicho-grilo".
Qual é o problema com o MEU arroz integral? Eu gosto, tá? E não tem nada a ver isso de "bicho-grilo".
Ok, ok, você venceu. Mas tem que ter arroz branco pra quem não curte o bicho...DIGO, integral.
Tá. Então até agora temos arroz branco e integral, quatro quilos e meio de pernil, lentilhas e filet... Nada pra acompanhar o filet e o arroz?
Pô, achei que lentilhas já eram suficientes!
Ah, queria fazer um creme de milho...
Hum... muito bom!!E saladas ou coisas do tipo?
Aaaaaah, verdade. Não pensamos nisto.
Você pode fazer uma salada simples de alface, tomates, cenoura, palmito, pepinos, cebola, pra quem gosta, milho e algumas ervilhas...
Nossa! Eu achei que era uma salada simples!!!
Ué, você não tá querendo uma MESA DE NOVELA?
Tá booooom, tá booooom, uma "salada suuuper"... Mas e a sobremesa?
Ah, não, aí você tá querendo que eu seja o Jamie Oliver!
Quem???
Aquele cara do GNT! Eu não sei fazer coisas elaboradas!
Aaaaah, vá! Não precisa ser tããããããoo elaborado! Que tal um manjar branco, um bolo de sorvete e um pavê de brigadeiro???
Aaaaaah, claro, você não quer mais nada, né?!
Ué?! Por quê?? É tão fácil de fazer!!
Tá, tá, manjar branco... e a calda?
Framboesa. A vizinha trouxe 4 sacos, seria um desperdício se a gente não usasse pelo menos 1 pra fazer uma calda.
Tá bom, calda de framboesa... mas tem o bolo de sorvete...vai ficar com a mesma calda?
Não, boba, aí você faz uma calda de chocolate.
Aaaah, sim, sim. E o tal pavê de brigadeiro??
Bom, deixa eu te explicar. Na verdade eu não sei como se chama o doce, mas ele tem três camadas: uma é de farofa de biscoito doce, outra de brigadeiro e outra de um creme batido de leite condensado e creme de leite.
Uaaaaaaau!! Deve ficar bom, hein?!
Uh, se fica! Receita básica pra recém-casados, o máximo!
Ótimo!!! Então decidimos o cardápio! Quatro quilos e meio de pernil, filet, arroz integral e branco, creme de milho, lentilhas, salada especial, manjar com calda de framboesa, bolo de sorvete e um pavê estranho de brigadeiro...tá bom?
Tá ótimo!!! Agora é só descobrir como a gente vai fazer tudo isso em 12h.

(...)

[Baseado em fatos reais... ou seriam...Surreais ? Oo]