A noite estava linda, aquele calor insuportável, você deixou a janela aberta e foi dormir: parabéns, você passou a noite inteira pegando a bendita friagem (aquela que as avós sempre usam como ameaça).
O despertador toca, você fica três minutos e meio se espreguiçando sem conseguir abrir os olhos, e quando você os abre e começa a retomar os sentidos, você olha pra janela: chuva. Só de ouvir o barulho da chuva na sua telha (que está solta) você já começa a espirrar. Você pára e pensa que precisa mandar alguém consertar a telha, lembra que precisa ligar pra prima da vizinha e depois buscar a encomenda da sua mãe. Então você começa a lembrar da sua vó falando "...meniiiiina, vai pegar friagem!". Santa vovó.
Você resolve levantar e, claro, você está com dor no corpo. Seu corpo se recusa a levantar, mas você tem mil coisas a fazer. Você levanta e....é, você teve aquela leve tontura que precede a febre. Você quase volta pra cama, com aquela vontade enorme de dormir até duas da tarde, mas nao pode.
Então você vai tomar um banho pra acordar. Você entra no banho quente e começa a se sentir mal, a sua pele já não tem as mesmas sensações e você sente calafrios, toma o banho rapido e vai se trocar. Nada parece ficar bem, tudo te sufoca e você descobre que nada cai melhor em você hoje do que seu pijama com estampa de ursinhos e estrelinhas.
Mesmo com a boca seca e o nariz entupido você vai tomar o café da manhã, pega seu copinho de leite com Nescau Power, aquela última fatia do pão de forma com requeijão e começa a comer: então você repara que, além de não sentir o gosto, você não consegue engolir porque sua amígdala está inchando.
Você pega a bolsa correndo e quando sai na rua você lembra que está chovendo, então você volta correndo pra pegar o guarda-chuva, tropeça no tapete da sala e tudo que estava na sua bolsa se espalha pelo chão. Você recolhe tudo, vai até o quarto, pega o guarda-chuva e sai. Depois de 18 minutos no ponto de ônibus, seu telefone toca: é sua mãe. "Filhotinha, eles entregaram aqui na firma, não precisa ir mais buscar! Pode dormir até mais tarde!". E você acha melhor nem fazer a pequena observação que você estava com dor no corpo, tontura, nariz entupido e toda encharcada (porque seu guarda-chuva é pequeno demais), ha 19 minutos no ponto de ônibus às 8 horas da manhã A TOA!
Você volta pra casa com aquela vontade de dormir, mas você ainda não ligou pra prima da vizinha (e nem vai ligar), afinal de contas alguém ia chegar e dizer que não precisava mais (ou não).
O que você faz? Liga uma musiquinha, o MSN e tenta descontrair, esquecer que encheu seu quarto de ácaros com seus espirros. Aí você começa a conversar com seu amigo sem perceber que não tem a mínima noção do que está falando:
Você: Oi Ro!
Ele: Oi querida, como você tá?
Você: Tudo bem...to tendo um dia meio ruim, mas tudo bem...só tô meio doente
Ele: Ô judiação...tá precisando de alguma coisa?
Você: Não...
putz...lá onde eu ia tem uma chícara de café ha um tempo...
ou xícara
hmm ok
lá tem uma caneca
alías, eu tenho que terminar de arrumar a árvore de natal
e arrumar meus papéis e livros, etc...
eu tava ouvindo Los Hermanos, mas resolvi ouvir samba
Ele: e o que que tem a caneca?
Você: café...
Então você resolve esquecer o MSN, a música, o guarda-chuva, a prima da vizinha, a mãe, o café e colocar seu pijaminha de ursinhos. Você toma um chá, fecha a janela, apaga a luz, deita, você se sente tonta, cansada....hmmm...você dormiu.
Quatro horas depois você acorda, e depois os três minutos e meio espreguiçando de olhos fechados você os abre e sente aquela dooooor nos olhos...de onde vem essa luz toda? É...o sol apareceu.Isso te anima! Você vai feliz e contente resolver levantar...PUFFF! E então você repara que independente da friagem, da chuva, da telha e da encomenda você ainda tem a dor no corpo, a tontura, as amígdalas inchadas e os ácaros.E sem o café.

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História baseada em fatos (ir)reais.